quinta-feira, 6 de maio de 2010

Casas



Andava ontem à noite pelo Apartment Therapy quando encontrei este post, que fala sobre sair de uma casa onde realmente se gostou de viver e o impacto emocional que tal acto pode ter sobre as pessoas, o que me fez pensar sobre as casas onde vivi e as boas e as não tão boas-quanto-isso recordações que cada uma delas (ainda) me traz.

A primeira casa de que me recordo era a da minha avó, onde a minha mana passou horas, até aos meus 6 anos, a tentar ensinar-me a dizer a letra S (não conseguiste mudar nada, mas obrigado à mesma P.!). Era a casa onde a minha avó esperava que eu chegasse da escola para lancharmos juntas. Posso dizer-vos que torradas com café ao lanche nunca mais me souberam ao mesmo, depois da morte dela.


Lembro-me também de uma moradia onde vivi cerca de 10 anos, e que começou por ser um sonho e se tornou, ao longo dos anos, um pesadelo, ainda não totalmente sanado. Lembro-me de brincar no jardim com os meus cães, de tentar manter as galinhas longe do cão de guarda, felizmente ignorante das tempestades que se avizinhavam.


Com a Universidade, veio o advento das residências universitárias. E que tempos foram esses! Primeiro, as residências privadas, pertencentes a congregações religiosas femininas (onde era obrigada a entrar em casa até às 23h, caso contrário dormia na rua), e depois a pública, da Universidade de Lisboa. Conheci pessoas do país inteiro, arranjei uma grande amiga, diverti-me, namorei, estudei, chorei e ri, e percebi que a vida em comunidade não é decididamente para mim.


Com o primeiro emprego, veio uma casa no Estoril, literalmente à beira-mar plantada e, essa sim, marcou-me para o resto da vida pela sua localização. A proximidade do mar e da praia , a liberdade que lá sentia, deixaram marcas. Lembro-me de sair de Cascais (onde trabalhava) e ir a pé para casa paredão fora a apanhar sol, totalmente relaxada. depois de um dia de trabalho. Quando ia a Lisboa, o melhor era o regresso a casa de comboio, que acompanha o rio e o mar entre o Cais do Sodré e Cascais. Ainda hoje, quando vou ao Estoril, tenho a sensação de que respiro melhor. Foram bons tempos, a que se seguiram anos ainda melhores.


O regresso à Universidade implicou uma nova mudança, de regresso a Lisboa e a uma casa partilhada perto do rio Tejo, em Alcântara. Foi um tempo de aventuras, de novos desafios pessoais e profissionais e novas pessoas. Esta zona continua, ainda hoje, a competir com o Estoril como o meu lugar preferido no mundo.

Quando vou a Alcântara ou ao Estoril, apetece-me gritar 'aqui sou feliz!' mas depois começo a pensar que não vou fazer publicidade de graça e fico calada.


Hoje, a morar nos arredores da capital (nova mudança!), tenho pena de não poder voltar a morar em Alcântara, devido ao preço escandaloso das casas. Quando desço de Monsanto para a Ajuda , há uma zona onde se vê uma nesga do rio, enquadrada pelos prédios e gruas, e posso-vos dizer que suspiro cada vez que aí passo!


Quanto à casa actual, é um sítio impessoal num sítio incaracterístico, com vizinhos idiotas, e de que não vou ter saudades algumas.


E aqui ficam as casas das minha vida, num registo algo nostálgico muito pouco frequente na minha pessoa.

Rustyboobz

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